sábado, 18 de abril de 2015

Máquina de fazer estrelas - ou histórias?

Sérgio: Aqui está uma máquina de fazer histórias. O fato é que cada um é uma peça fundamental nessa engenhoca. Um movimento emenda no outro e o resultado só é possível se todos estiverem trabalhando. Talvez a máquina de fazer história seja um dispositivo que exista dentro de nós para impulsionar as ideias.

Jeff: Hoje, vamos falar sobre como as avós criaram todas as coisas. UNO… cada vez que a minha avó conta uma história, ela inventa um o mundo. DOS… ser avó é plantar todos os pedaços de si nas coisas até virar poeira no de espaço, TRES… o átomo da pelanca do braço da minha avó está no músculo do meu coração...

Sérgio: Antes de tudo vieram as avós. A minha era a mais famosa ladra de glacê de bolo de aniversário. Dos dedos dos átomos da Vó Dona Rachel fez-se um piano. E pra cada tecla que ela apertava nascia uma coisa. A terra, as montanhas, o céu, as nuvens, a lua, as escolas, as sereias, sanduíches, árvores, baratas, dinossauros, macacos, crianças.

Rafa: Na hora do chá, ela se reunia às outras avós e avôs para um chá com os dinossauros onde combinavam todas as invenções. Cada um tinha um jeitinho de criar coisas. A vó Lindalva só precisava imaginar bem forte, o vô Luiz modelava as estrelas, a vó Dulce cozinhava as ideias, o vô Chico fazia de madeira.

Vittoria: Zenilda, Darcy, Alice, Waldeci, Ney, Luiz, Elma, Seu Nunes, Sonia, Salli, Lofô, Francisco, Dora, Chico, Bernadete, Nenzinha, Lourdinha, Fred, Antônio Carlos, Alexandre O Grande, Tutankamon, todos os avós foram responsáveis pela criação de tudo.

Vanessa: Um dia, as avós estavam dando um rolé na avenida principal da lua, quando viram um espetáculo de luzes vindo da Terra. Meteoros de todos os tamanhos dançavam com o planeta, em abraços, colisões, sufocamentos, explosões.

Fernandinha: De lá os dinossauros se despediam em piruetas e cambalhotas, virando poeira de novo. Elas sentaram na bordinha da lua, abriram uma pipoca, colocaram seus óculos escuros e assistiram a tudo.

Jeff: No fim, se levantaram, bateram uma mão na outra, pra limpar o sal, tiraram os óculos e sacudiram as pelancas. Sabiam que teriam muito trabalho pela frente. Uno, dos, tres...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

constelação edição ou não

Os cílios são tão enormes que quando ele pisca me abana, o cabelo é comprido demais. A barba só cresce no queixo. Parece um bode. É tão branco que parece um filhotinho de hamster. Você é lindo porque parece um filhotinho de hamster. E todos os humanos que se parecem com bichos são mais bonitos porque a beleza pode ser reconhecida também em outras espécies. Seus dedos pontudos são a sua genética alienígena. Gosto de pensar que quando você aponta pro céu, uma estrela nasce. Meu dedo cabe encaixadinho no seu buraco de umbigo. E se eu ligar todas as pintinhas do seu corpo teremos um mapa das constelações do universo. Olha só pra esses cílios! Posso pentear? E esse cabelo! São iguais os de uma sereia tão linda que linda mais linda do mundo oceânico polar tropical intergaláctico dos 7 mares e quando eles estão embaixo d'água se mexendo parecem uma água viva africana e subitamente eu posso ver todos os povos dos mundos daqui em inventados numa pessoa só, na pessoa mais linda do mundo que é sereia e ET, menino e menina, branco e preto, hamster e bode, gordo e magro, mar, terra. todos pontinhos, se juntando, virando história, virando constelação, e de repente. Gira. Todo o teu corpo em órbita.

(lindo)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

começo dos tempos - começar e recomeçar!

Vanessa: Tá vendo o que?

Fê: To vendo nada. Tá tudo preto preto.

Vanessa: Sabia que no início dos tempos era assim? Tudo preto. Antes da gente existir, a casa da minha avó avó existir, os dinossauros… tudo era poeira!

Fê: To vendo!!!! É o comeco dos tempos! Tudo preto e uma cadeira voando! A casa da tua avó! Olha você, bem velhinha! Uau! Que buraco enorme! Buraco negro, buraco de minhoca!Tem de tudo lá dentro! Tá cheio de poeira!

Vanessa: Poeira, que os cientistas preferem chamar de átomos. Os atómos se parecesse com pontinhos bem pequenininhos. Tão pequenininhos que a gente nem vê! Agora imagina vários desses pontinhos soltos pelo espaço, vagando! Se a gente liga esses pontos de outra maneira, uma forma se cria. Se a gente liga esses pontos de outra maneira, outras novas formas podem surgir. As opções são infinitas, e é assim que se desenha tudo o que existe. Os átomos são ingredientes fundamentais para cozinhar todas as coisas e nós. Euzinha aqui, nessa corpinho magro, são 7 milhões? Não... Bilhões? Hã hã! trilhões? nananinanão, 7 octilhões de pontinhos se jundaram criando eu! E tudo é feito dessa poeira de átomos. Pedra, papel, tesoura, macaco, água, skate, banco, Fernandinha. Tudo o que existe só existe porque seus pontinhos foram ligados e criaram a sua forma.

Fê: Então, antes dos pontinhos se ligarem, a poeira ficava toda espalhada e o espaço ficava todo sujo? Pontinhos por todos os lados? Nada existia ainda a não ser essa poeira que com o tempo foi virando tudo que a gente conhece? O espaço, as galáxias e o infinito com seus átomos todos bagunçados! Então antes do começo a gente é poeira de estrela, e das coisas que existem láaaa longe. A gente virou planeta em órbita, constelações, que são várias estrelas juntas, o sol! Com o tempo, os pontinhos nos separaram e nos ligaram de outro jeito e a outros pontinhos e viramos as montanhas, os mares, dinossauros. Pedacinhos de nós espalhados por tudo que existe.

Vanessa: Sim! Como uma massinha que podemos amassar e transformar numa rosquinha.

Fê: E se essa rosquinha grudar em outra rosquinha, elas viram o número oito

Vanessa: Que se levar um peteleco, cai e vira o oito deitado

Fê: Ou o infinito! Esses pontinhos, que os cientistas chamam de átomos, se juntam e se separam a outros pontinhos o tempo todo. As coisas que deixam de existir, se transformam em coisas novas que estão nascendo. TUDO se transforma. Assim, aquele átomo que estava na ponta do rabo do dinossauro, se transformou numa coisa e em outra e em outra e hoje pode estar aqui, no músculo meu coração. É só a gente ligar os pontos.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

receita para buraco de vazio

tem um buraco enorme aqui dentro de mim; eu fiquei sozinha fazendo o que parecia que todo mundo continuaria fazendo comigo. mais uma vez tou sozinha. tem um buraco enorme aqui dentro de mim. pra onde foi todo mundo do mundo? será que é assim tão ruim ficar perto de mim? até o papai saiu de casa. se esse buraco sem fim fosse fome, eu faria a seguinte receita:

1 dia nas estrelas com o vovô luis
7 xícaras de gargalhadas da lulu
3 galhinhos de alecrim plantados pela vovó
5 acordes da guitarra do georde harrison
1 semana/kg de piscina com todos os meus primos
2 dias de conversa com o tio william
3 páginas do livro de magias da tia nena
inifitos baldes de pipoca
1 dia inteiro de oberservação do dia se transformando em noite no meio da amazônia
1 passeio de bicicleta escutando minhas músicas favoritas
1 volta por toda a minha infância
3 ralhadas da minha mãe
toda a estante de livros do papai 
1 panela de brigadeiro da thali
1 nescau gelado da naza
1 canção de amor
2 dias de colo do luciano
1 turbilhão de abraços reconfortantes daqueles que fazem a terra parar
1 pausa da saudade que sinto todos os dias
1 dia inteiro com todos os meu cachorros de novo

pegar todos os ingredientes acima colocar dentro do seu lençol favorito. deixá-los se encontrando durante 18 minutos. o lençol para o terraço mais alto e mais próximo do céu no primeiro dia de lua crescente do mês. chegando lá no alto, abrir o lençol cuidadosamente para que os ingredientes que estão lá dentro não fujam. entrar no lençol e ficar trocando calor com os ingredientes durante o tempo que você achar necessário. 

ufa! é uma receita forte. ela nunca dá errado. não existe dar errado. ela tapa os buracos de vazios a traz alegrias. eu gosto dela.

Buraco de mim - para Vanessa

Eu tava muito preocupado com a nota de matemática e um menino morreu. Não que fosse minha culpa. Um menino morreu e eu fui mal na prova. Meu pai sempre faz piada com veado. Eu posso recuperar a minha nota, pai. Não foi culpa dele, que ele tá morto.  Ele tinha dois pais e nenhuma mãe. Eu não queria. Eu não gosto de matemática. Suas frustrações não são minhas. Por favor, eu não gosto de matemática. Seja bonzinho e tire uma boa nota pra mim. Pra mim não. Eu sou ruim, não sirvo pra nada. Não chora, seu veadinho. Vai ficar sem sobremesa. Mãe, você viu que um menino morreu? Não. Você já estudou? Foram os meninos da turma que bateram nele. Seja bonzinho e tire uma boa nota pra mim. Porque ele tinha dois pais e nenhuma mãe, mãe, você viu? Matemática. Seja bonzinho e tire uma boa nota pra mim. Ficou um buraco na cadeira dele. Eu. Mãe, um menino que nem eu morreu. Não sabia que. Matemática. Não sabia que veado podia ter filho menino. Bonzinho. Cachorro pode ter filho menino, pari? O menino morreu e ficou um buraco em mim. Pode, mãe? Seja bonzinho e tire uma boa nota pra mim. Mãe? Pai?

quarta-feira, 25 de março de 2015

O Buraco do Bigo - Rafo


Rafa: Eu conheci uma menina que conheceu uma menina que de tanto olhar pro próprio bigo, entrou pra dentro dele. Primeiro a cabeça, depois os dedos, braços, tronco, pernas. Nunca mais ela saiu. Antigamente era comum as pessoas terem mais de um bigo. Eram dois ou três bigos. Hoje todo mundo só tem um, ai o nome ficou  assim: umbigo. Fico pensando que se a menina morasse no tempo em que as pessoas tinham mais de um bigo, talvez ela não tivesse entrado pra dentro dele. Ou tivesse que se dividir para entrar nos bigos. Será que no futuro a gente não vai ter mais nenhum bigo? Aí a gente vai poder olhar só pra frente. E vamos ver coisas que a gente não viu, porque estávamos muito ocupados olhando pro bigo. Pra não deixar a vista fugir a gente pisca o olho. Pronto. Esse é o segredo de guardar pra dentro o que a gente tá vendo lá fora. De olhos fechados, a gente pode ver tudo! É só abrir as gavetinhas das lembranças que ficam atrás da cabeça, arrancar as imagens e jogar pelas janelas das invençõens, que fica na frente da cabeça. UAU. Todo um mundo velho novo só seu.?

terça-feira, 24 de março de 2015

metendo o dedo no começo dos tempos (veja, tia claris)


Vanessa: No começo dos tempos tudo é poeira. Poeira, que os cientistas preferem chamar de átomos. Esses átomos são como pontinhos bem pequenininhos, tão pequenos que a gente nem consegue ver. Agora imaginem vários desses pontinhos soltos vagando por aí. Se a gente liga esses pontos, uma forma se cria. E dependendo de como a gente liga, outras novas formas podem surgir. As opções de caminho são infinitas, e tentando todas dá pra desenhar tudo o que existe.

 

Os átomos são ingredientes fundamentais para cozinhar todas as coisas e nós. Só nesse meu corpo magro, são 7 (fazendo as contas) milhões trilhões octilhões de pontinhos que se juntaram criando eu. E tudo é feito dessa poeira de átomos. Pedra, papel, tesoura, macaco, água. Tudo o que existe só existe porque pontinhos foram ligados e criaram a sua forma.

 

Fê: Antes deles se ligarem, a poeira ficava espalhada e o espaço ficava todo sujo, empoeirado! Pontinhos por todos os lados. Nada existia ainda a não ser essa poeira que com o tempo foi virando tudo que a gente conhece. O espaço, as galáxias e o infinito com seus átomos todos bagunçados! Antes do começo a gente é essa poeira de cometa, e das coisas que existem láaaa longe. A gente vira planeta em órbita, constelações, que são várias estrelas juntas, o sol! Com o tempo, os pontinhos nos separam e nos ligam de outro jeito ou a outros pontinhos e viramos as montanhas, os mares, dinossauros. Pedacinhos de nós espalhados por tudo que existe. Como uma massinha que podemos amassar e transformar numa rosquinha. E se essa rosquinha grudar em outra rosquinha, elas viram o número oito, que se levar um peteleco, cai e vira o oito deitado, ou o infinito.

Esses pontinhos, que os cientistas chamam de átomos, se juntam e se separam a outros pontinhos o tempo todo. As coisas que deixam de existir, se transformam em coisas novas que estão nascendo. TUDO se transforma. Assim, aquele átomo que estava na ponta do rabo do dinossauro, virou coisa, desvirou, virou outra e agora pode estar no músculo seu coração. É só a gente ligar os pontos.